Por Maestro Alexandre Gonçalves
Nascido em Campinas, São Paulo, em 15 de
maio de 1924, filho de uma pianista e cantora, José de Almeida Penalva iniciou
seus estudos de música com sua mãe aos 4 anos de idade. Mas logo sua mãe veio a
falecer e, com 11 anos, ingressou no Seminário onde aos 14 anos já era regente
do coral.
Foi então que Padre Penalva teve contato com as obras do Padre Luís Irruarrizaga, que fazia parte da sua congregação na Espanha, tido por De Falla como o melhor compositor de música sacra da época. As obras do Pe. Luís, eram belíssimas e embora simples já apresentavam características modais da Pré-Vanguarda. Esse foi, segundo o próprio Padre Penalva, o impulso que o levou a trocar as brincadeiras do recreio pela sala de música, onde sentava ao harmônio e executava as obras, ganhando cada vez mais gosto pela música em especial por aquela nova sonoridade. Começa então sua conciliação entre teologia, filosofia e música.
Foi então que Padre Penalva teve contato com as obras do Padre Luís Irruarrizaga, que fazia parte da sua congregação na Espanha, tido por De Falla como o melhor compositor de música sacra da época. As obras do Pe. Luís, eram belíssimas e embora simples já apresentavam características modais da Pré-Vanguarda. Esse foi, segundo o próprio Padre Penalva, o impulso que o levou a trocar as brincadeiras do recreio pela sala de música, onde sentava ao harmônio e executava as obras, ganhando cada vez mais gosto pela música em especial por aquela nova sonoridade. Começa então sua conciliação entre teologia, filosofia e música.
De 1950 a 1956, estudou em São Paulo,
harmonia, fuga e contraponto com Savino Benedicts, então chegado do
Conservatório de Milão, e que estimulou Penalva a abertura às novas ideias e
técnicas de composição. De 1956 a 1958, especializou-se em Música da Renascença
em Roma e de volta ao Brasil, de 1959 a 1960 em Música Contemporânea em São Paulo.
Durante uma nova viagem a Roma, entre 1972 e 1973, ao invés de revisar
Teologia, seu verdadeiro destino de viagem, Penalva faz o equivalente a um
mestrado em Composição com Boris Porena no Conservatório Santa Cecília. Durante
esse mestrado, participou do CONVÊNIO SOBRE MÚSICA DOS ANOS 50, com a presença
de grandes nomes como Cage, Berio e Boulez.
A partir da década de 70, a mais
produtiva, Padre Penalva por influência de Ligeti, Penderecki, Schnittke entre
outros, se aprofunda nas novas linguagens e técnicas como atonalismo,
dodecafonismo, serialismo, microtom, música matéria, entre outras. Sua música
passa a realizar um jogo entre o conhecido e o novo, explorando ao máximo as
técnicas de composição aliadas as particularidades de cada instrumento. A voz é
explorada como um todo, na extensão, afinação complexa, dinâmica apurada,
narrativas, declamações, glossolália, ritmos, etc. Os instrumentos são
explorados de forma individual, sendo-lhes aplicada a técnica que mais
convinha; para o piano, o dodecafonismo, clusters soltos, dinâmica e ritmos
fortes; para as cordas, atmosferas sonoras, explorando bem a ressonância da
corda com o corpo do instrumento; os sopros ganham linhas de contraponto muito
bem definidas e dinâmicas extremamente expressivas; e a percussão, um claro
diálogo entre ruídos fortes, fracos e o mais puro silêncio.
Padre Penalva sempre gostou de regência em
especial a vocal. Fundou, em Curitiba o Madrigal Vocale, para o qual compôs
grande parte da sua obra coral. O Madrigal Vocale, graças à Penalva, tornou-se
referência em execução do repertório para coro sacro e contemporâneo, e segue
competente até hoje.
Penalva foi também um grande mestre e
incentivador da música, sendo por décadas um dos principais professores da
EMBAP (Escola de Música e Belas Artes do Paraná) e da Escola Superior de Música
de Blumenau, Santa Catarina, além de diversos cursos, festivais e simpósios de
música por todo o Brasil. Fundou a Sociedade Pró-Música de Curitiba; foi membro
da Seção Brasileira da Sociedade Internacional de Música Contemporânea e da
Sociedade Brasileira de Musicologia; integrante da Academia Brasileira de Música
no Rio de Janeiro, Academia de Letras e Música do Brasil, Academia Campineira
de Música, Comissão Paranaense de Folclore, Centro de Letras do Paraná e do
Conselho do Museu da Imagem e do Som de Curitiba.
Cidadão do Paraná, pensador e criador
incansável, Penalva faleceu dia 20 de outubro de 2002, deixando uma obra de
grande importância, humanidade, humildade e sabedoria. Uma música de Vanguarda,
inovadora, universal e pessoal, sacra e mística, utilizando-se de todos os
meios e técnicas para dar vida à suas ideias, ignorando fronteiras culturais,
temporais, históricas ou geográficas, surpreendendo a todos os que escutam pela
primeira vez sua música, e que com certeza jamais esquecerão.
Uma boa oportunidade para quem ainda não
conhece a obra deste importante compositor brasileiro é o IV Festival Penalva
que acontece em Curitiba do dia 23 a 29 de outubro de 2012. Uma semana em que
ocorrerão mesas-redondas, palestras, missa em memória, concertos e estreia de
obras. O evento acontece em diversos lugares da cidade, para a programação e
outras informações acesse o site da EMBAP.
"Passei pela Vanguarda. Vivi e me decidi por ela. Depois me
apaixonei pela Pós-Vanguarda, que significou uma revolução contra o exclusivos
mo da Vanguarda. Hoje estamos num 'paraíso': cada um pode compor da maneira que
quiser: pode-se escrever um acorde perfeito ao lado de um cluster, empregar
melodias folclóricas dentro de um tecido atola…!"
"Sempre usei todos os meios novos não por eles mesmos, mas
subjulgando-os à idéia, ao texto à mensagem. As novas técnicas servem para
aumentar a palheta, os recursos usados em direção a este objetivo maior que é a
idéia."
(Padre José Penalva)
Fonte: Um olhar sobre a música de José
Penalva, catálogo comentado - Elisabeth Seraphim Prosser - Editora Champagnat.
Maestro Alexandre Gonçalves
Bronco Rock News
informa: IV Festival Penalva de 23 a 29 de outubro em Curitiba-PR
(diversos lugares). Confira a programação do site da EMBAP:
http://www.embap.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=721
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