quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A vida de Paulo Mocorongo - uma novela do fim pra trás

Final

Após dormir, ele acordou. Ainda com sono, pensou racionalmente e se questionou “De que me vale uma vida sem pecados senão a morte?”. Com esse pensamento foi ao banheiro e pegou a navalha para se barbear, depois, entrou no chuveiro para tomar um banho, a água estava molhada, como sempre. Vestiu-se e foi à cozinha tomar um café.

Saiu para fora de casa, estava atrasado, mas, e daí? Havia perdido o emprego mesmo. Foi andando a pé pelas calçadas até chegar na Rua XV de Novembro, onde se sentou num banco. Queria fumar, então acendeu um cigarro e ficou olhando com seus olhos todos que por ali passavam.
Deveria procurar um emprego, porém, a preguiça era mais forte e sua mãe poderia sustentá-lo por mais um ou dois meses. Lembrou do que havia esquecido e continuou se questionando a pergunta que havia feito a si mesmo ao acordar.
Quando o sol foi se escondendo atrás dos prédios e a noite começou a cair, resolveu ir embora. Voltou a pé. Passando pelas vielas escuras e sombrias do subúrbio.
Nunca chegou em sua casa. Bateu as botas. Acordou morto, com a boca cheia de formiga¸ servindo de comida para peixes no rio Barigüi, vestindo um sapato de cimento e se preparando para vestir um terno de madeira e mudar-se para a cidade dos pés juntos, onde iria passar o resto da eternidade comendo capim pela raiz.
Após intensas investigações o Instituto Médico Legal constatou que ele morrera devido a uma intensa hemorragia de sangue e a polícia descobriu que quem o matou foi mesmo o assassino.

Nenhum comentário:

Postar um comentário